AS OUTRAS BRASILIAS

Brasília / DF

O Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital, ocorreu entre setembro de 1956 e março de 1957, e reuniu 26 projetos que se propunham a pensar a nova cidade. Sete desses projetos foram finalistas no concurso, e apresentam visões bastante diferentes para cidade, apesar de todas influenciadas pelo urbanismo modernista.

Quinto Colocado (01) : Milton Ghiraldini e equipe

A proposta pensava em uma zona central para a cidade, que seria composta pelo centro governamental, cultural e comercial, além dos ministérios e embaixadas. Ao redor dessa zona, estariam posicionados quatro retângulos que abrigariam as superquadras, que abandonavam o formato de 100m x 100m e eram de 15 a 20 vezes maiores, com um parque interior que seria sua a espinha dorsal. Os desenhos apresentados pela equipe de Ghiraldini mostravam uma cidade setorizada que deveria abrigar no máximo 200 mil habitantes e organizava os espaços tentando equilibrar três elementos da vida urbana: habitar, trabalhar, recrear.

Entre os comentários do júri, destacou-se que o projeto tinha uma simplificação exagerada das zonas e não apresentava o caráter de uma capital.

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Quinto Colocado (02) : Vilanova Artigas e equipe

Defendia a ideia de que Brasília deveria ter uma distribuição da população melhor do que a que existia no Rio de Janeiro e região costeira do país, e não deveria se transformar em centro demográfico, comercial, industrial, cultural e turístico, como ocorreu com a capital anterior. Previa que os habitantes da cidade seriam divididos em três populações: a nuclear, de funcionários públicos, civis e militares, a colateral, formada por turistas ou pessoas que estivessem residindo na cidade por temporada. O território seria distribuído em zonas, que concentrariam cada uma atividades diferentes: desde a função administrativa e comercial até as áreas residenciais e verdes.

O júri criticou, neste projeto, a ausência das embaixadas, consulados e centros de rádio e TV, e entre outros pontos considerou que as zonas residenciais eram muito uniformes e que havia má circulação das residências para o centro cívico da cidade e a sede do governo.

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Quinto Colocado (03) : Henrique Mindlin e Giancarlo Palanti

O projeto apresentado definia a cidade como uma área imersa em áreas verdes, e o traçado básico da capital foi elaborado conforme se contornava o Lago Paranoá e a localização aproximada das estradas de ferro e rodagem próximas à região do Distrito Federal. Brasília seria organizada em dois eixos principais: de atividades públicas, administrativas e governo; e de vida particular, cruzando-se  com o centro comercial e recreativo da cidade.

O júri elogiou a proposta no aspecto de densidade, economia e uso da terra, mas criticou, neste projeto, a segregação por classe das moradias de operários, o agrupamento das embaixadas e dos ministérios, feito em extremidades distintas do plano piloto. A avaliação foi, também, de que as unidades de habitação resultariam disformes quando colocadas em prática.

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Terceiro e Quarto colocado: Rino Levi e equipe

A ideia de Rino Levi apresenta superblocos nas zonas de habitação intensiva, que teriam 16 mil habitantes cada e mediriam 300 metros de altura. Cada superbloco seria dividido em quatro unidades de habitação para 4 mil pessoas, e teria, além do térreo com um piloti de 10 metros de altura, subsolo para garagem e ruas internas, onde haveria lojas comerciais que ofereceriam os mais diversos tipos de serviço aos moradores. A cada conjunto de três superblocos, haveria um jardim de infância e um posto de saúde. Para Milton Braga, o projeto é, talvez, o mais inovador entre os finalistas. "Embora do ponto de vista conceitual ele ainda estivesse defendendo a cidade funcionalista, ele antecipou a formalização dessa arquitetura racionalista funcionalista que veio a seguir no mundo inteiro das mega estruturas", aponta. A ideia de verticalizar a cidade, no entanto, torna a execução do projeto inviável. "Erraram um pouco na proporção do que era definido e no que era transformável. Definiram demais, e ao colocar (a cidade) em um prédio você perde muito da flexibilidade que se tem no chão", pondera.

O júri considerou que o projeto tinha boa aparência, mas mas não tinha um centro de transporte, além de apresentar uma altura desnecessária nos edifícios, com uma concentração de pessoas desaconselhável.

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Terceiro e Quarto colocado: M.M.M. Roberto e equipe

Os irmãos Roberto pensaram em uma cidade que apresentava uma flexibilidade em relação à quantidade de 500 mil habitantes que em geral foi prevista tanto pelo edital do concurso quando pela maioria dos demais projetos. Para tanto, eles projetaram sete estruturas em forma de círculo, que funcionariam como cidades independentes, que poderiam se expandir para até 14 dessas estruturas urbanas. Cada uma delas, com 72 mil habitantes, teria o centro – chamado de Core – onde seriam oferecidos serviços especializados e comércio, e estaria localizada uma parte da administração federal. Para Milton Braga, este era o projeto mais moderno de todos todos no sentido de ser uma cidade completamente definida, mas essa não era exatamente uma vantagem: "eles indicavam o número de pessoas que trabalharia em cada lugar, em cada bolsão de trabalho e por aí em diante; uma convicção de que a cidade poderia ser totalmente definida como se fosse um grande edifício. Essa é a grande crítica que se faz a essa idealização da cidade como objeto único de projeto; o que não é nem desejável nem possível", explica.

Para o júri, o projeto para construção e financiamento da cidade era prático e realista, e foi considerado o mais completo do concurso em relação ao uso da terra. No entanto, por ter partes separadas, não tinha relações de caráter metropolitano: cada parte possuía vida própria.

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Segundo Colocado: Boruch Milman e equipe

O projeto apresentado por Milman e sua equipe defendia a ideia de que a nova administração governamental deveria ser alojada em uma pequena cidade. Para tanto, a proposta definia que o plano piloto seria a conciliação de uma cidade governamental de crescimento controlado com outro local de crescimento ilimitado, flexibilizado em satélites urbanos, já dando sinal para a característica metropolitana que Brasília provavelmente teria.

Para o júri, a proposta trazia uma localização muito atraente para as habitações na península. No entanto, considerou-se que as áreas adequadas, pelo projeto, para uma população de 750 mil pessoas não poderiam ser desenvolvidas com facilidade ao infinito. Não havia, também, utilização das áreas mais elevadas do terreno, e havia muitas vias sem desenvolvimento em suas periferias, fator que encareceria o desenvolvimento.

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